24 abril, 2013

Fado Tropical # Clara Nunes canta Chico: Zélia Vicente Vicente


Memória: 12/8/1942 a 2/4/1983 - Clara Nunes nasceu em Cedro, distrito de Paraopeba, hoje Caetanópolis, Minas Gerais.

Clara cantava na Igreja Católica do Bairro Renascença,em BH, onde o regente da orquestra, Jadir Ambrózio, se interessou por ela e lhe deu a primeira oportunidade de cantar em público. Em 1966 Clara estréia no disco pela gravadora Odeon. 
Gravou desde sambas-enredos até composições de Caymmi e Chico Buarque, e
ficou famosa também por suas canções do Candomblé.
Morreu 28 dias após um choque anafilático ocorrido durante uma cirurgia de varizes.



http://youtu.be/GYllpGVkDEA 

FADO TROPICAL

Composição: Chico Buarque/ Ruy Guerra
Oh, musa do meu fado

Oh, minha mãe gentil
Te deixo consternado
No primeiro abril

Mas não sê tão ingrata

Não esquece quem te amou
E em tua densa mata
Se perdeu e se encontrou
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal

"Sabe, no fundo eu sou um sentimental

Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo ( além da sífilis, é claro).
Mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar, trucidar
Meu coração fecha os olhos e sinceramente chora..."

Com avencas na caatinga

Alecrins no canavial
Licores na moringa
Um vinho tropical
E a linda mulata
Com rendas do alentejo
De quem numa bravata
Arrebata um beijo
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal

"Meu coração tem um sereno jeito

E as minhas mãos o golpe duro e presto
De tal maneira que, depois de feito
Desencontrado, eu mesmo me contesto.

Se trago as mãos distantes do meu peito

É que há distância entre intenção e gesto
E se o meu coração nas mãos estreito
Me assombra a súbita impressão de incesto.

Quando me encontro no calor da luta

Ostento a aguda empunhadora à proa
Mas meu peito se desabotoa
E se a sentença se anuncia bruta
Mais que depressa a mão cega executa
Pois que senão o coração perdoa".

Guitarras e sanfonas

Jasmins, coqueiros, fontes
Sardinhas, mandioca
Num suave azulejo
E o rio Amazonas
Que corre trás-os-montes
E numa pororoca
Deságua no Tejo
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um império colonial
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal



Viva Clara Claridade!!! Viva Arte / Cultura!!!